Às mulheres.

Hoje sei que sou mulher...
Hoje sei que não basta desejar/ter/receber um 'Feliz Dia das Mulheres!' É preciso mais que uma expressão, é preciso mais que uma felicidade puramente comercial. É preciso ser mulher, é preciso ser SOCIALISTA e FEMINISTA. É preciso estar na luta cotidiana contra todo tipo de opressão.
Enquanto mulher e negra me sinto no dever de fazer algo, de lutar por algo, quero que minha existência não passe em branco.
Minha escolha está feita. Fácil, minha vida não será. Sei do que abdico, sei da dificuldade de ir contra o sistema estagnado e a apatia da população.
Mas hoje sei que meu esforço tem que ser para que um dia nenhuma mulher ouça um comentário esdruxúlo sobre seu corpo, porquê não somos um pedaço de carne no açougue. Meu esforço será para que nenhuma mulher receba menos que um homem fazendo o mesmo tipo de trabalho. Meu esforço será para que nenhuma mulher sinta que tem a obrigação de ficar em casa e cuidar dos filhos. Machismo existe, está aí em nossas mentes. É preciso agir com consciência, é preciso conscientizar...dessa luta não me retiro, pois hoje sei que sou mulher.

As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência


Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência


O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência


A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência


Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências


Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência


Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!


Mauro Iasi