segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mas disso todos abriram mão...

Sentados no salão ainda cheio, ecoando gritos e com riscos de felicidade desmedida, a vida era aquilo, era isso, era sabe Deus o que mais...
Mais ela nunca havia sido igual e seus riscos eram verticais e vinham dos olhos, quase ninguém via, estavam ali sem a pretensão de se mostrar. Diferente das linhas horizontais verdes, vermelhas e azuis, às quais lhe davam uma profunda inveja.
Todos misturados pelos arredores, com cervejas e salgadinhos, em grupos e sozinhos. Partilhando uma alegria!
Ali, no canto de onde podia ver a todos analisava, se analisava e tentava descobrir a beleza e positividade naquela tristeza sem fim. Foi quando se deu conta que apertavam sua mão, dedos estavam entrelaçados aos dela e esses dedos a atrelavam num outro corpo todo, que era todo dela...Absorta em sua frustração tinha se esquecido que não estava em completa isolação, alguém não a abandonara, alguém segurara sua mão, alguém secara às lágrimas, alguém que não precisava de metáforas.
E naquele canto onde tudo e todos podiam se ver, ela já não via nada, não havia mais nada, além daquelas duas almas acorrentadas (à que ela pertencia e que era dona, também). Agora não existiam mais riscos, só lembranças de rabiscos horizontais ou verticais, coloridos ou transparentes. De um tempo agora tão distante, que representara arrependimento e agora era saudade, sem dores...
Já de volta ela lembrou do mundo que não havia realmente desaparecido, estavam todos ali. Gritos e riscos, tudo tão irrelevante. Um sorriso surgiu no canto de sua boca, sabendo que ela tinha algo que nenhum rabiscado ali possuía e não se atreveu a partilhar...

Um comentário:

Cassandra disse...

Ela realmente tem algo que mais ninguém tem.